Páginas

25 de maio de 2012

10 Linguagens Que Você Deveria Aprender

Fonte: http://www.aprenderprogramar.com.br/




Em 2006 foi publicado o artigo "10 Linguagens Que Você Deveria Aprender". Este artigo imediatamente ganhou certa fama na Internet. Embora o artigo tenha seu mérito, existem dois problemas básicos com ele:
1- É de 2006, e as coisas mudam; e
2- É focado na popularidade das linguagens e, principalmente, no mercado de trabalho.

Sim, eu creio que recomendar o aprendizado de linguagens baseando seu argumento na popularidade ou mercado de trabalho como falho.

Para ilustrar o motivo, entre as 10 recomendações do artigo indicado acima temos:
- C#; VB.NET e Java; 

Estas 3 linguagens são todas orientadas a objectos baseadas em classes. Todas as 3 carregam conceitos muito próximos. Se você programa muito bem em C#, aprender Java não vai mudar sua vida e nem ampliar verdadeiramente seus conhecimentos. O inverso também é igualmente verdadeiro.

“Uma linguagem que não afecta a maneira que você pensa sobre programação, não vela a pena ser aprendida” – Alan Perlis.

O que eu quero dizer é que se deva aprender linguagens que sejam diferentes entre si ou que, ao menos, lhe ensinem conceitos novos. É claro que se o trabalho exige que você aprenda alguma linguagem afim à alguma que você já domina, vá em frente e você tirará a missão de letra pois você já conhecerá os princípios que regem aquela nova linguagem.

Não sou o único a sugerir que um programador deva aprender sempre linguagens que lhe ensinem novos conceitos – e não simplesmente uma nova linguagem. No altamente recomendável artigo "Teach Yourself Programming in Ten Years", Peter Norvig, indica que um programador deveria conhecer ao menos 6 linguagens. Porém, utilizando uma das afirmações de Alan Perlis lembra que: “Uma linguagem que não afecta a maneira que você pensa sobre programação, não vela a pena ser aprendida”.

Baseado na premissa acima, segue agora a minha versão da lista “10 Linguagens Você Deveria Aprender”. Retirei a palavra “Imediatamente” porque se você acessou os artigos indicados acima, já deve ter percebido que a pressa não é uma boa amiga nesta hora. E se você seguir a recomendação do livro “O Programador Pragmático” que sugere aos programadores a meta de se aprender uma nova linguagem por ano, segue abaixo uma sugestão de trabalho para os próximos 10 anos!  (Isso não rima com o artigo “Aprenda a Programar em Dez Anos”?)

 ATENÇÃO

Não é tão simples quanto parece definir uma linguagem de programação. Para fins deste artigo considerei como linguagem de programação qualquer linguagem padronizada, que sirva para expressar instruções para um computador e que, necessariamente seja Turing Completo. Isto deixa de lado linguagens como SQL, HTML, CSS, XML e JSON que, embora tenham grande importância no mundo de hoje, ficam de fora do escopo deste artigo.

Índice das Linguagens Recomendadas:

1.C – Para aprender ‘como as coisas realmente funcionam’;

2.Java ou C# – Orientação a Objectos e entrar no mercado de trabalho; 

3.PHP ou Python – Programação Web em uma linguagem Script;

4.JavaScript – Orientação a Objectos baseada em protótipos. Programação web do lado do cliente;

5.LUA – Para aprender co-rotinas;

6.Smalltalk – Linguagem orientada a objectos pura. Sintaxe baseada na troca de mensagens entre objectos;

7.Lisp/Scheme ou Haskell – Programação funcional. Força a trabalhar com recursão;

8.Prolog – Programação Lógica;

9.Sisal – Programação paralela. Apresenta a programação orientada a fluxo de dados; e

10.Rebol – Linguagem funcional – não pura – rica sintaticamente e altamente económica.

Linguagens

C
Não existe uma linguagem de conhecimento obrigatório. Mas se existisse esta linguagem, seria o C. Não seria exagero afirmar que a base da tecnologia hoje está, em sua maior parte, construída em C.  Também não recomendo ninguém começar a programar por ela. Mas seria uma óptima 2a ou 3a linguagem.
C está apenas uma camada de abstração acima do chamado código de máquina. Então é uma linguagem importante para você aprender ‘como as coisas realmente funcionam’.
Outro forte argumento para aprender C é que no mundo da programação, a cultura C impera. C influenciou e/ou foi utilizado para criar várias outras linguagens. Isto significa que a sintaxe C está espalhada por várias outras linguagens como C++, Java, C#, PHP ou Javascript. Logo se você aprende C, várias outras linguagens passam a ser familiares.

O próprio C++ inicialmente era compilado para C e, utilizando o compilador C, era compilado para linguagem de máquina. Embora hoje tenhamos compiladores C++, em geral compiladores C++ também compilam as instruções em C. E facto é que esta dobradinha C/C++ tem criado e inspirado várias outras linguagens. Para dar um exemplo, baixe o código fonte do PHP. Veja que ele é construído em C. 

Se com C construímos o interpretador e bibliotecas da linguagem PHP, logo tudo o que pode ser feito com PHP também poderia ser produzido com C. Com C poderíamos até dispensar o Apache fazendo com que nosso programa responda directamente as requisições que chegam pela porta 80. É claro que nunca sugeriria que alguém fizesse isso. Utilizar o PHP para desenvolvimento web é muito mais prático. A linguagem PHP é focada em desenvolvimento web. E, caso seja necessário, pode-se criar novas extensões para PHP utilizando a linguagem C. 

Outro ponto é que a possibilidade de acessar diretamente endereços de memória, faz com que teoricamente tudo possa ser feito com C. Como consequência, C é a escolha lógica para com deseja construir um novo sistema operativo. C está na base dos sistemas Windows, Linux, Unix, Minix etc.

Em resumo, não seria exagero afirmar que a base da tecnologia hoje está, em sua maior parte, construída em C, directa ou indirectamente.

Java, C# se já não souber C++

Se você busca por uma boa colocação no mercado de trabalho, escolher entre Java ou C# é uma óptima ideia. Estas são, sem sombra de dúvidas, as linguagens que geram mais oportunidades de emprego da actualidade. Mas como falei a idéia deste artigo não é limitar a nossa analise no mercado, mas sim buscarmos conceitos.

A indicação aqui é que você escolha uma linguagem orientada a objectos, baseada em classe, compilável (mesmo que para bytecode) e tipagem estática para aprender a programar. Eu recomendaria você escolher entre Java e C# para entrar neste mundo. Mas, caso você já saiba C++ você poderia pular para o próximo grupo de linguagens. Se você é contra a Microsoft escolha Java. Caso a ame, vá de C#!  

Ambas as linguagens apresentam uma rica biblioteca de classes para os mais variados fins (contando com a biblioteca do .NET no caso do C#). São linguagens de propósito geral podendo ser utilizadas para criar aplicações desktop assim como aplicações web.

A grande vantagem do Java é que a sua aplicação será independente de plataforma. Servidores Linux são bastante utilizados em empresas e neste ambiente Java possui grandes vantagens. Por outro lado, C# é uma linguagem mais nova, quase 10 anos, e isto, nesta área, é muito tempo. Então C# traz muitos conceitos que Java simplesmente não implementa. Não vou me deter na comparação entre as duas, mas para uma analise mais profunda, visite o artigo Comparação entre Java e C Sharp. Então se seu objectivo é simplesmente aprender novos conceitos, C# trará mais benefícios. Por exemplo C# traz suporte a Expressões Lambda e “Closures”, sendo possível:

Fazer com que um método retorne uma função que faz referência a uma variável fora de seu escopo:

(...)
Adder CreateAdder(int addend)
{
return delegate(int augend)
{
return addend + augend;
};
}
(...)

Ou ainda passar uma função como parâmetro:

var evens2 = numbers.FindAll((int n) => { return n % 2 == 0; });

Outro factor em favor do C# é que, por razões óbvias, opera melhor em conjunto com outras soluções Microsoft o que em determinados cenários pode ser uma grande vantagem. 

Mas apesar da aparente vantagem para a linguagem da Microsoft, não desconsidere Java. Afinal Java é a linguagem mais utilizada – segundo o índice TIOBE – e aprender a linguagem que a maioria fala é tentador. E se você pensa em sistemas verdadeiramente independentes de plataforma, Java é a escolha. Sem falar que, mesmo sendo seu objectivo aprender novos conceitos, estes mesmos que o C# implementa pode ser encontrado em outras linguagens listadas abaixo.

Um outro factor em relação a Java: Se você considerar Java como não apenas uma linguagem mas como uma plataforma, existem outras linguagens que rodam sobre a JVM, como o Groovy, e que suportam estas e outras funcionalidades de linguagem script e/ou tipicamente funcionais. Se você já conhece Java, e principalmente se você só conhece Java e é apaixonado pela JVM, talvez aprender Groovy seja um bom caminho.

E porque não aprender ambas, Java e C# ? Bem, eu continuo defendendo que, mesmos diferentes, elas ainda são muito próximas. Ambas são inspiradas em C++, sem falar que Java foi a grande inspiração de C#. É lógico que ao final você poderia as duas. Mas recomendo que escolha uma e vá aprender outras linguagens. Se um belo dia tiver necessidade da outra, você aprenderá fácil.

PHP ou Python

A recomendação é para que o programador tenha também alguma experiência com programação para web com uma destas linguagens scripts (PHP ou Python). A lógica é bem diferente do que ocorre com a programação para desktop. Depois de termos passado pelas linguagens orientadas a objectos usualmente compiláveis e de tipagem estática, o passo natural é conhecermos agora alguma linguagem ainda orientada a objecto, porém interpretada e de tipagem dinâmica. E estas duas são exactamente isto: linguagens scripts, de tipagem dinâmica, orientadas a objectos, bastante utilizadas no desenvolvimento web embora as duas possam ser utilizadas em ambiente desktop.

Mas a recomendação aqui é principalmente para que o programador tenha também alguma experiência com programação para web com uma destas linguagens scripts. A lógica é bem diferente do que ocorre com a programação para desktop. Normalmente, ao programarmos para desktop, a nossa aplicação fica instanciada ‘rodando’, até que o usuário feche a aplicação. Não raro, principalmente em programação com C, temos uma rotina principal que implementa um loop quase eterno, e tudo ocorre dentro deste loop. Por exemplo:

while(!saiu_do_programa) {
/* Aqui são capturado e tratados os eventos, as rotinas para redesenhar a interface são chamadas etc. */
}

Embora em Java e C# não tenhamos a necessidade de criarmos tal loop, a idéia é que o programa fica em execução. Os dados são persistentes e o foco da programação fica no tratamento dos eventos que o usuário gera ao interagir com os elementos de interface. Por exemplo, numa clássica aplicação desktop, implementaríamos uma rotina determinando o que deve ocorrer ao se clicar em um certo botão.

Já uma aplicação web nestas linguagens, a idéia é muito diferente. Seu programa não ‘fica rodando’ a espera dos eventos do usuário. Sua aplicação nasce e morre em cada requisição do usuário. O foco não é mais nos eventos do usuário, mas sim nas entradas de dados/acessos que estes usuários fazem. Os dados não são persistentes, então em cada acesso, você deverá redefinir as constantes, variáveis, conexões com o banco, ler a entrada do usuário, decidir o que fazer com ela, criar uma página html, enviar o html para o navegador e terminar a aplicação. Em resumo, cada acesso é uma vida inteira.

Destas duas linguagens listadas, PHP é a que tem o foco para web mais bem definido, enquanto a outra tenta se posicionar como uma linguagem de propósito mais geral. Talvez por isso PHP seja a linguagem mais utilizada neste meio. A grande maioria dos CMS existentes é construído em PHP. E isto inclui nomes de muito peso como o WordPress, Joomla, Moodle e Drupal. Portanto se você pensa em focar no desenvolvimento de Sistemas Web, e/ou ainda dar suporte ou customizar os CMS listados acima, considere o PHP. Vale ainda dizer que o próprio Facebook é em sua maior parte PHP. Só para deixar claro eles criaram um compilador de PHP para C++, o HipHop. Com isso eles uniram o foco e agilidade do PHP para desenvolvimento web com a rapidez característica de uma linguagem compilada.

Por outro lado, das duas PHP é a mais pobre em recursos – leia-se conceitos. Faltam para linguagem construções como threads que normalmente temos como algo básico em outras linguagens. Talvez a maior motivo disto seja exactamente seu foco bem definido para Web onde a necessidade de criação de threads é algo bem mais raro do que costuma ocorrer com aplicações desktop. 

Python, por sua proposta mais generalista, é uma ótima escolha como linguagem para prototipação de sistemas construídos em linguagens, digamos, mais burocráticas como C, C++, C# ou Java. Mas, vale lembrar, o Python pode ser utilizado sozinho, como a linguagem escolhida para o desenvolvimento de um grande sistema, web ou desktop. Por ser simples e de propósito geral, é também uma óptima linguagem para o aprendizado de programação, onde o aluno pode aprender directamente lógica de programação sem perder muito tempo com as já ditas ‘burocracias’ das linguagens acima.

JavaScript

JavaScript não tem concorrentes. Ela é simplesmente a linguagem de programação web no lado do cliente. Por isso vale aprender, e aprender bem. A Orientação a objectos está obrigatoriamente ligada ao conceito de classes, correto? Resposta: Não!
Enquanto as linguagens do grupo anterior são baseadas em classes, JavaScript é uma linguagem orientada a objetos baseada em protótipo. Assim, conceitualmente, tudo é objecto e não temos classes. Ter contato com este outro paradigma é o primeiro motivo para conhecer a linguagem. Vale comentar que, em relação a criação e definição de objectos, JavaScript é, em geral, muito mais expressivo do que linguagens baseadas em classes.
O outro motivo é que Javascript é uma linguagem importante por definição: É praticamente impossível falar em desenvolvimento web sem falar em Javascript. Quase todos os navegadores possuem um interpretador Javascript. Logo, virtualmente, Javascript está presente e pode ser executado em praticamente todos os computadores do mundo. Sem falar que com as novas implementações do HTML5, a utilização do Javascript do lado do cliente, no contexto web ganha uma grande força.

Douglas Crockford fala, em seu artigo, que Javascript é a linguagem mais incompreendida do mundo. E entre seus argumentos um deles aponta o amadorismo que envolve a linguagem. De facto, se por um lado a maioria das pessoas que criam/utilizam pequenas rotinas em JavaScript não são programadores da facto, JavaScript é uma das linguagens mais flexíveis. Ou seja, temos muito sendo JavaScript sub-aproveitado.

Para dar uma idéia desta flexibilidade/dinamismo, em JavaScript:
1- Embora não tenha classes, você pode programar como se tivesse;
2- Pode-se implementar herança simples, múltipla ou até parcial, ou seja, selecionando os métodos que se quer herdar;
3- Pode-se adicionar ou substituir os métodos para as ‘classes’(na verdade seriam protótipos). Isto afecta todos os objectos, actuais ou futuros, funcionando retroativamente; e
4- Pode-se adicionar ou substituir os métodos para apenas um objeto específico.

Por fim, vale lembrar que, diferente do que ocorre com outras linguagens que normalmente concorrem entre elas: Java vs C# ou PHP vs Python, JavaScript não tem concorrentes. Ela é simplesmente a linguagem de programação web no lado do cliente. Por isso vale aprender, e aprender bem. 

LUA

Que tal aprender sobre co-rotinas utilizando uma linguagem brasileira que está perto de alcançar o TOP-10 das linguagens mais utilizadas do mundo? Na linguagem LUA, as co-rotinas são construções completas. Uma das recomendações do artigo “Aprenda a Programar em Dez Anos” é que entre as linguagens que o programador escolha para aprender, inclua uma com suporte a co-rotinas. 

Para quem não sabe, uma co-rotina é uma generalização de rotina/função/procedimento que permite que a execução da mesma seja suspensa temporariamente passando o controle para outra rotina. E em algum ponto no futuro, ao retornar o controle para a co-rotina inicial, sua execução é restabelecida no ponto onde havia parado e tendo seu contexto local recuperado.

Na linguagem LUA, as co-rotinas são construções completas. Em outras palavras, nesta linguagem elas são construções stackfull de primeira classe. Ser stackfull significa que em LUA as co-rotinas podem ser suspensas mesmo enquanto executam uma função aninhada. Ser de primeira classe significa que as co-rotinas podem ser livremente manipuladas pelo programador, podendo ser invocadas em qualquer ponto do programa ou ordem. Isto, por exemplo, oferece um grau de expressividade muito maior do que encontramos na implementação dos geradores de Python (que também é um exemplo de implementação de co-rotina).

Mas LUA possui outros factores que fazem valer a pena o seu aprendizado. Possui um tipo de dados básico muito versátil chamado de tabela. Embora LUA não seja originalmente uma linguagem orientada a objetos, a flexibilidade encontrada neste tipo de dados permite que ela se comporte como se o fosse, caso isto seja necessário.

Outro factor é que o foco de LUA é diferente do foco das linguagens vistas até agora. Lua nasceu para ser uma linguagem de extensão incluindo funcionalidades/facilidades de uma linguagem script em linguagens como C, C++ ou Java. Embora LUA também possa ser utilizada em modo standalone ou ainda como linguagem script para web.

Smalltalk

Smalltalk é uma linguagem orientada a objectos pura. Um programa em Smalltalk se resume em objectos e em trocas de mensagens entre eles. O maior benefício de se aprender Smalltalk talvez seja começar a fugir da ‘cultura C’. Sua sintaxe é bem diferente das linguagens tradicionais. Smalltalk é uma linguagem orientada a objectos pura. Isto significa que tudo é objecto. Mesmo os tipos primitivos como o inteiro. Até mesmo a classe é um tipo especial de objecto assim como os métodos ou blocos de código. O próprio nome da linguagem, ‘Papo Furado’, mostra bem como este conceito de troca de mensagens entre objectos é importante nesta linguagem. A idéia é que os objectos fiquem ‘batendo papo’ ou melhor, troquem mensagens entre eles.
Como tudo é um objecto, tudo em Smalltalk é um objecto, tudo em Smalltalk também é um elemento de primeira ordem. Isto significa que um inteiro é encarado da mesma forma que um bloco de código e que ambos podem ser atribuídos a uma variável.
Da Wikipedia, seguem os conceitos trazidos pela linguagem:

•Tudo é representado como objectos. (De longe, a regra mais importante em Smalltalk).
•Toda computação é disparada pelo envio de mensagens. Uma mensagem é enviada para um objecto fazer alguma coisa.
•Quase todas as expressões são da forma .
•Mensagens fazem com que métodos sejam executados, sendo que o mapeamento de mensagens para métodos é determinado pelo objecto recebedor. Os métodos são as unidades de código em Smalltalk, equivalente a funções ou procedimentos em outras linguagens. 
•Todo objecto é uma instância de alguma classe. 12 é uma instância da classe SmallInteger. ‘abc’ é uma instância da classe String. A classe determina o comportamento e os dados de suas instâncias. 
•Toda classe tem uma classe mãe, excepto a classe Object. A classe mãe define os dados e comportamento que são herdados por suas classes filhas. A classe mãe é chamada de superclasse e suas filhas, subclasses.
Como você poderá observar neste exemplo de Hello World abaixo, A sintaxe de Smalltalk é bem diferente das linguagens tradicionais.

publish
Transcript show: 'Olá Mundo!'

Entenda o código acima como sendo o envio da mensagem [show: 'Olá Mundo!'] ao objecto Transcript. Esta instrução definem o método publish.

Vale ainda dizer que o padrão MVC que conquistou o mundo e que inspiraram o chamado MVC Web ou MVC 2 que viraram moda, saiu do Smalltalk. Isto mostra o como estudar novas linguagens e, principalmente, o como estas resolvem seus problemas, nos tornam programadores melhores e podem nos inspirar a reaplicar conceitos muito utilizados em uma linguagem em áreas bem diferentes da aplicação original.

Lisp/Scheme (e/ou talvez Haskell)

Uma grande vantagem do aprendizado da programação por meio de uma linguagem funcional é que o programador obrigatoriamente aprende recursão já em suas primeiras aulas e passa a ver este conceito como algo muito natural.Um programador que queira abrir sua mente deve considerar fortemente a possibilidade de aprender a programar numa linguagem funcional. Mesmo que, cada vez mais, linguagens classicamente imperativas e/ou orientada a objectos estejam importando conceitos funcionais, aprender a montar os problemas seguindo uma lógica funcional é um diferencial.

Um programador adaptado a linguagens imperativas ou orientada a objectos, estranhe práticas adoptadas em uma programação funcional como:
- Ausência de Atribuições;
- Ausência de comandos iteradores como for, while e until;
- Ausência de alocação explícita de memória; e
- Ausência de declaração explícita de variáveis. 

Para qualquer “programador imperativo” as ‘ausências’ listadas acima fariam uma falta absurda. São atributos normalmente entendidos como fundamentais em uma linguagem. Isto significa que aprender uma linguagem funcional lhe dará uma nova visão sobre como resolver problemas computacionais.

Uma grande vantagem do aprendizado da programação por meio de uma linguagem funcional é que o programador obrigatoriamente aprende recursão já em suas primeiras aulas e passa a ver este conceito como algo muito natural. Normalmente, ao se utilizar uma linguagem imperativa, como Pascal, ou orientada a objectos, como Java, numa matéria introdutória, este conceito só vai ser visto, se muito, ao final do 1o período. Porém, não raro, a matéria ainda é empurrada para um 2o e 3o período. Resultado: temos profissionais que simplesmente ainda não trabalham bem com recursão, ou pior: não a entende completamente. O que é uma limitação grave para um profissional. Citando novamente Alan Perlis: “Recursão é a raiz da computação(…)”.

Prolog

De todas as linguagens listadas neste artigo Prolog é a mais diferente. Mas não deixe que a linguagem te engane pelo estilo. De facto Prolog é uma linguagem Turing Completa o que significa que pode implementar qualquer algoritmo. De todas as linguagens listadas neste artigo Prolog é a mais diferente -sempre comparando com um mundo imerso numa ‘cultura C’. E não estou falando apenas de sintaxe, mas sim em relação ao paradigma da linguagem: Prolog é uma linguagem lógica, além de declarativa como as outras linguagens funcionais. Alguns perguntariam:
- “Ué? Mas toda linguagem, não é lógica?”  Veremos com um pouco mais de detalhes.
Para programar em Prolog devemos:
1- Enumerar os factos verdadeiros do mundo – estou falando do mini-mundo que iremos abstrair. E não do mundo inteiro, claro!;
2- Ditar as regras existentes entre estes factos.
3- Realizar a pergunta certa para o interpretador que te responderá.
Bem diferente das outras, não?

– Exemplificando –
Factos:

gato(tom).
rato(jerry).

Com o exemplo acima definimos dois factos: Tom é um gato e que Jerry é um rato.

Regras:

come(X,Y) :- gato(X), rato(Y).

Resumidamente, definimos acima a clássica regra de que gatos comem ratos.

Perguntas/Avaliações:

?- come(tom, jerry).

E o interpretador retornará yes.

Mas não deixe que a linguagem te engane pelo estilo. De facto Prolog é uma linguagem Turing Completa o que significa que pode implementar qualquer algoritmo. Por exemplo veja o algoritmo da Torre de Hanoy implementada nela:

hanoi(N) :- move(N, left, centre, right).
move(0, _, _, _) :- !.
move(N, A, B, C) :-
M is N-1,
move(M, A, C, B), inform(A, B), move(M, C, B, A).
inform(X, Y) :-
write('move a disc from the '),write(X), write(' pole to the '), write(Y), write(' pole'),
nl.

Sisal

Peter Norvig, em seu artigo, sugere ainda que entre uma daquele mínimo de seis linguagens que um programador deveria conhecer, tenha alguma com suporte a paralelismo. E é aqui que entra a indicação de Sisal. Outro motivo para aprende-la é que você poderá conhecer um outro paradigma de programação: Programação orientada a fluxo de dados (diagramas). Sobre o paralelismo e como este conceito pode ajudar a você novamente mudar o como você vê a programação, é melhor mostrar através de um exemplo. Veja e analise o código abaixo:

for i in 1, quantidade_produtos
preco_final:= preco_liquido[i] + incremento[i]
returns array of preco_final
end for

Reflita e responda, o que você espera que este código faça? Bem, claramente ele soma um ‘preço líquido’ de algum produto e o soma com seu respectivo incremento e o atribui a um ‘preço final’. E, claro, já que estamos num for ele repetirá o processo para todos os produtos. Só que se você estiver atento talvez diga que há um erro no código: todas as somas estão sendo atribuídas para uma mesma variável. Logo cada operação sobrescreverá o resultado da operação anterior, correto? Não!

No Sisal temos dois tipos de Loops e um deles é feito para casos onde as iterações são independentes entre elas. Este costuma ser um óptimo caso para paralelismo e é isso que Sisal faz. Ele não faz uma operação após a outra. Ele faz todas, idealmente, ao mesmo tempo!

Se tivermos 50 produtos ele criará 50 instâncias independentes, do corpo da iteração. Ou seja preco_final:= preco_liquido[1] + incremento[1] e preco_final:= preco_liquido[50] + incremento[50] estarão coexistindo em regiões diferentes da memória.

Ao final a operação returns array of preco_final junta todos os valores preco_final destas instâncias e monta num array. Diferente de uma programação imperativa, não?  

Rebol

“Rebol é uma linguagem moderna, porêm com algumas idéias muito semelhante ao Lisp. Mas Rebol é muito mais rico sintacticamente. Rebol é uma linguagem brilhante e é uma pena que não seja mais popular, porque merece ser.” – Douglas Crockford. Que tal conhecer uma das linguagens que inspiraram a criação do padrão JSON? REBOL é uma linguagem multiparadigma, com traços bem fortes de linguagem funcional e programação simbólica, criada por Carl Sassenrath, o arquitecto e principal desenvolvedor do AmigaOS. A linguagem teve inspirações de Lisp, Forth, Logo e Self.
Pelas palavras de Douglas Crockford, falando sobre as influências de JSON: “Outra influência foi Rebol. Rebol é uma linguagem moderna, porêm com algumas idéias muito semelhante ao Lisp. (…) Mas Rebol é muito mais mais rico sintacticamente. Rebol é uma linguagem brilhante e é uma pena que não seja mais popular, porque merece ser.”

REBOL apresenta conceito de dialectos que é a capacidade/facilidade de se criar linguagens para um domínio específico. De acordo com seu próprio criador, este é o aspecto mais importante da linguagem:
“Embora possa ser utilizado para a programação, escrevendo funções, e executando processos, a sua maior força é a capacidade de facilmente criar linguagens de domínio específicas ou dialectos. ”

Outra característica interessante do REBOL é que ela é uma linguagem económica. Eu fui apresentado ao Rebol entre 2002/2003 por um colega de trabalho, que havia implementado um programa de Instant messaging para a empresa num tempo relativamente curto. Para se ter idéia de quão econômica esta linguagem pode ser, baixe o interpletador e execute o código abaixo:

REBOL[title:"Demo"]p: :append kk: :pick r: :random y: :layout q: 'image
z: :if gg: :to-image v: :length? g: :view k: :center-face ts: :to-string
tu: :to-url sh: :show al: :alert rr: :request-date co: :copy g y[style h
btn 150 h"Paint"[g/new k y[s: area black 650x350 feel[engage: func[f a e][
z a = 'over[p pk: s/effect/draw e/offset sh s]z a = 'up[p pk 'line]]]
effect[draw[line]]b: btn"Save"[save/png %a.png gg s al"Saved 'a.png'"]btn
"Clear"[s/effect/draw: co[line]sh s]]]h"Game"[u: :reduce x: does[al join{
SCORE: }[v b]unview]s: gg y/tight[btn red 10x10]o: gg y/tight[btn tan
10x10]d: 0x10 w: 0 r/seed now b: u[q o(((r 19x19)* 10)+ 50x50)q s(((r
19x19)* 10)+ 50x50)]g/new k y/tight[c: area 305x305 effect[draw b]rate 15
feel[engage: func[f a e][z a = 'key[d: select u['up 0x-10 'down 0x10 'left
-10x0 'right 10x0]e/key]z a = 'time[z any[b/6/1 < 0 b/6/2 < 0 b/6/1 > 290
b/6/2 > 290][x]z find(at b 7)b/6[x]z within? b/6 b/3 10x10[p b u[q s(last
b)]w: 1 b/3:((r 29x29)* 10)]n: co/part b 5 p n(b/6 + d)for i 7(v b)1[
either(type?(kk b i)= pair!)[p n kk b(i - 3)][p n kk b i]]z w = 1[clear(
back tail n)p n(last b)w: 0]b: co n sh c]]]do[focus c]]]h"Puzzle"[al{
Arrange tiles alphabetically:}g/new k y[origin 0x0 space 0x0 across style
p button 60x60[z not find[0x60 60x0 0x-60 -60x0]face/offset - x/offset[
exit]tp: face/offset face/offset: x/offset x/offset: tp]p"O"p"N"p"M"p"L"
return p"K"p"J"p"I"p"H"return p"G"p"F"p"E"p"D"return p"C"p"B"p"A"x: p
white edge[size: 0]]]h"Calendar"[do bx:[z not(exists? %s)[write %s ""]rq:
rr g/new k y[h5 ts rq aa: area ts select to-block(find/last(to-block read
%s)rq)rq btn"Save"[write/append %s rejoin[rq" {"aa/text"} "]unview do bx]]
]]h"Video"[wl: tu request-text/title/default"URL:"join"http://tinyurl.com"
"/m54ltm"g/new k y[image load wl 640x480 rate 0 feel[engage: func[f a e][
z a = 'time[f/image: load wl show f]]]]]h"IPs"[parse read tu join"http://"
"guitarz.org/ip.cgi"[thru]i: last parse my none
al ts rejoin["WAN: "i" -- LAN: "read join dns:// read dns://]]h"Email"[
g/new k y[mp: field"pop://user:pass@site.com"btn"Read"[ma: co[]foreach i
read tu mp/text[p ma join i"^/^/^/^/^/^/"editor ma]]]]h"Days"[g/new k y[
btn"Start"[sd: rr]btn"End"[ed: rr db/text: ts(ed - sd)show db]text{Days
Between:}db: field]]h"Sounds"[ps: func[sl][wait 0 rg: load sl wf: 1 sp:
open sound:// insert sp rg wait sp close sp wf: 0]wf: 0 change-dir
%/c/Windows/media do wl:[wv: co[]foreach i read %.[z %.wav = suffix? i[p
wv i]]]g/new k y[ft: text-list data wv[z wf <> 1[z error? try[ps value][al
"Error"close sp wf: 0]]]btn"Dir"[change-dir request-dir do wl ft/data: wv
sh ft]]]h{FTP}[g/new k y[px: field"ftp://user:pass@site.com/folder/"[
either dir? tu va: value[f/data: sort read tu va sh f][editor tu va]]f:
text-list[editor tu join px/text value]btn"?"[al{Type a URL path to browse
(nonexistent files are created). Click files to edit.}]]]]

Considerações Finais

Não existe saída para um artigo como este. Mesmo que existam linguagens ‘hors concours’, é inevitável que muitas linguagens boas acabem ficando de fora. Não ter mencionado Ruby entre PHP e Python é algo que será notado e questionado por muitos. Ter incluído Rebol entre as 10 e ‘esquecido’ Erlang como um belo exemplo de processamento paralelo pode ser encarado por muitos como algo discutível. Em resumo, decidir quem entra e quem sai é uma decisão difícil e extremamente pessoal. Até incluir Forth como exemplo de programação baseada em pilha foi considerado. Sem falar que é humanamente inviável conhecer todas as linguagens. Então, por estes motivos, ao fim, a minha seleção foi esta apresentada acima.
Para compensar esta falta, gostaria de tornar este post um ‘post aberto’. Fique livre para, nos comentários, criticar a seleção, apresentar uma linguagem que tenha sido ‘injustamente’ esquecida ou, ainda, apresentar a sua própria selecção. Se este post tiver a capacidade de inspirar você, e se você quiser escrever um post semelhante em seu blog, contendo a sua própria selecção ou simplesmente apresentando melhor uma linguagem que você acredite que vale apena o aprendizado, me informe que eu porto o link sem problemas. 

Abraços e espero que tenham gostado!

Sem comentários:

Enviar um comentário