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24 de janeiro de 2011

Executar ou instalar programas do Windows no Linux

Se você usa o  Sistema Operativo Linux, e queres executar, ou mesmo instalar programas do Windows, isto é possivel com o o programa Wine.
O nome quer dizer "Wine is not an emulator", um nome recursivo, muito usado em programas para Linux, assim como o próprio "Linux = Linux is not Unix". A idéia do Wine é que ele não é um emulador, ou seja, ele não tenta simular o Windows completamente (com todos os recursos, interfaces, etc), e muito menos depende do Windows, mas ele tenta "ser" um Windows diante dos programas. Diferentemente do VMware, um emulador/virtualizador de PC (entre outros), o Wine é uma implementação livre da API do Windows. A API é um conjunto de funções pré-definidas nos sistemas e programas, no caso, do Windows. O Wine cria um ambiente de certa forma transparente, tentando executar os programas do Windows directamente. Quando um programa do Windows é iniciado, ele chama algumas funções presentes em DLLs do Windows, e o Windows faz a coisa que o programa pediu. Por exemplo, um programa pede para desenhar uma janela na tela com uma frase dentro, então o Windows interpreta isso e desenha a janela com o texto dentro. O que o Wine faz é dar uma de Windows, executando dentro do Linux, servindo como um "intérprete". O programa pede para o Wine (mas pensa que está pedindo para o Windows) para fazer alguma coisa, então o Wine converte estas instruções em instruções que o Linux possa entender. Na prática, você vê o programa como se ele executasse directamente, com uma leve perda de desempenho.
Dependendo do programa o desempenho pode ser ruim, especialmente programas que exigem uso intensivo de gráficos, modelagem, edição de vídeo e som, etc. Alguns programas, ele simplesmente não tem como executar. Programas que usam acesso directo a disco ou dispositivos, e/ou alguns recursos específicos do Windows, o Wine não executa.
O Wine não é perfeito. É muito difícil fazer o que ele faz, na verdade é de se admirar que ele possa funcionar. As funções do Windows são adicionadas à mão, uma a uma, e são muitas! Existem até bugs e diferenças entre algumas versões de Windows que são exploradas e usadas pelos programas, mas ainda assim o Wine consegue se dar muito bem. Estas funções são documentadas em parte pela Microsoft, produtora do Windows, para uso dos programadores que desenvolvem programas para o Windows, afinal, eles precisam conhecer a API e as funções disponíveis no Windows para poder fazer os programas. Por isso que uns programas só executam em determinadas versões de Windows, muitas vezes eles requerem funções ou arquivos que não existem nos Windows mais antigos. Apesar disso, o funcionamento das funções é oculto e fechado, pois o Windows não é um software de código livre (open source). O Wine tem o trabalho de "recriar" as funções usando recursos do Linux, e fazer as mesmas coisas que elas fariam no Windows. Uma função muitas vezes chama outra, que chama outra... É realmente interessante e magnífica a idéia do Wine, praticamente um subsistema Windows "open source". "Subsistema" porque ele depende do Wine e do próprio Linux para funcionar, não é um sistema operativo completo, diferentemente dos emuladores de computador, onde você executa uma instâncica do Windows "verdadeiro" numa máquina virtual, com todos os seus arquivos, funções, gerenciamento de hardware, etc.
A página do projeto do Wine é: http://www.winehq.org/
Lá você encontra pacotes para algumas distribuições de Linux. É bom instalar os mais recentes, nunca as versões antigas. Depois de 2005, que finalmente o Wine passou para beta (depois de anos e mais anos em alpha!), ele tem ficado muito mais estável e melhor
Depois de instalado, a primeira coisa que você deve fazer é configurá-lo. Para isso abra o "Executar" ou digite num prompt de comando, com o seu login de usuário: winecfg
Abre-se um programinha com várias abas ("guias"), e ele cria a pasta ".wine" (oculta) dentro do seu diretório Home. Abordando rapidamente, o que você precisa fazer no winecfg é:
- Na primeira aba, "Applications", você deve definir o sistema operativo que o Wine irá imitar (a versão de Windows). Boa parte dos programas executam bem ao simular o Windows 98, mas alguns só instalam no Windows 2000 ou XP, então você pode voltar aqui e escolher a versão e o Sistema Operativo desejado, antes de executar o setup.
- Na aba "Drives", clique em "Autodetect". Isso fará com que o Wine crie unidades de disco "virtuais", que são links para pastas específicas do seu sistema Linux. Assim você poderá acessar estas pastas nos programas Windows que executar, como se fossem unidades ou mapeamentos de locais de rede.
- Recomenda-se desactivar o som, na aba "Audio", para melhorar o desempenho. Abra a aba "Audio" e desmarque os itens.
- Se não gostares do visual do wine, podes usar os temas do Windows XP ou 2003. Na aba "Desktop Integration", clique em "Install theme..." e localize o arquivo de tema (".msstyles") do Windows. A seguir, escolha-o na lista e clique em "Aplicar", e os efeitos passarão a ser visualizados na próxima vez que você abrir os programas.
Feito isso, clique em "Aplicar" e em "OK". Pronto. Agora basta executar os programas, chamando o Wine, seguido do nome do programa, exemplo: wine /mnt/hda1/thisis2mprograma.exe
Com as interfaces gráficas fica mais fácil, por exemplo, no KDE. Clique com o botão direito do mouse num arquivo ".exe" e escolha "Abrir com". Digite "wine" no campo da linha de comando, e marque a opção para lembrar a associação. Assim você pode executar os programas do Windows directamente, dando duplo clique sobre eles. Isso é necessário porque os programas precisarão ser executados pelo Wine, e não directamente, pelo Linux.
O Wine exibe algumas mensagens ao executar os programas, normalmente você pode ignorá-las ou clicar para nunca mais exibi-las. Ele se isenta de responsabilidades, por exemplo, de que "todos os programas irão funcionar" e também sobre perda de dados. Use por sua conta e risco. Saiba que, por padrão, ele libera acesso com suporte a leitura e escrita na sua pasta "home" (normalmente vista como o drive "H:" nos programas para Windows). Portanto, não execute programas suspeitos, que podem ser vírus, e podem apagar os seus arquivos.
Ao executar o "winecfg", o Wine cria uma pasta ".wine" (oculta) dentro da sua pasta "Home", onde guarda as configurações e o disco "virtual", uma pasta que será vista pelos programas como a unidade "C:". Dentro dela você poderá encontrar uma falsa pasta "Arquivos de programas", "Windows", etc. Você pode copiar ou salvar arquivos nelas, normalmente.
IMPORTANTE: Muitos programas só executam se o DCOM estiver instalado, uma actualização para o Windows 98. Você pode procurar na secção de downloads do site da Microsoft (http://www.microsoft.com/) ou na Internet. Antes de instalá-lo, não se esqueça de executar o "winecfg" e pedir para simular o Windows 98, senão o instalador não permitirá concluir a instalação. Depois você pode voltar lá e deixar o Windows de sua preferência.
Dependendo da versão (quanto mais recente, melhor) e do seu ambiente gráfico, o Wine cria atalhos para os programas instalados, no menu "Iniciar" do seu sistema.

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